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sábado, 17 de março de 2012

Jorge de Altinho 100 ANOS DE GONZAGÃO

100 ANOS DE GONZAGÃO


 Homenagem à altura do Rei do Baião
Esse menino cabra da peste, chamado Jorge Assis de Assunção, olindense de nascimento e altinense por adoção, se chama na verdade Jorge de Altinho. Ou melhor, como sua fama atravessou divisas, pode ser chamado até Jorge do Brasil. Título que seria mais que justo para esse compositor de mão cheia, intérprete de voz segura e inconfundível, que imprimiu sua marca registrada no forró nordestino, ao meter instrumentos de sopro no forró pé-de-serra, com o fole roncando por trás, cheio de magia.

Desde então, a música nordestina ficou mais alegre, colorida e contemporânea sem perder a originalidade. E Jorge de Altinho ganhou o título de “Príncipe do Baião”, passando a fazer parte da realeza cabocla que tem na figura imortal de Luiz Gonzaga a cabeça coroada como “Rei do Baião”.
Por falar em “Seu Lua”, que neste ano tem o centenário de nascimento festejado de canto a canto do Brasil, Jorge de Altinho resolveu lançar seu 21° CD com uma das mais significativas homenagens ao saudoso amigo e parceiro: “Jorge de Altinho – 100 Anos de Gonzagão”. Pode-se até dizer que, aos 32 anos de carreira, dezessete elepês, vinte CDs, um DVD e dezenas de grandes sucessos nacionais, este é o melhor trabalho de Jorge de Altinho.

Afinal, cada faixa desta homenagem a Gonzagão foi cuidadosamente escolhida por Jorge de Altinho, como quem garimpa brilhantes e no fim consegue reunir várias pedras preciosas cheias de brilho. A começar pela irreverente Mané Gambá, primeira música de Jorge de Altinho gravada por Luiz Gonzaga. Ouvindo essas músicas, a gente parece estar vendo o céu do Agreste pernambucano todo enfeitado de estrelas, iluminado por uma lua do tamanho do mundo e colorido por balões juninos que bailam no ar. Uma festa para imaginação cabocla nenhuma botar defeito.



Nas dez faixas do CD, todas garimpadas do repertório do homenageado, há preciosidades como O fole roncou (Nelson Valença), que ganhou nova roupagem com os metais brincando com sanfona, zabumba e triângulo; o clássico Sabiá (Zé Dantas-Luiz Gonzaga), com todo o lirismo simples da poesia matuta; a belíssima Cantiga de vem-vem (José Marcolino), uma espécie de lamento sertanejo; e Fogo pagou (Rivaldo Serrano de Andrade), verdadeira poesia com sotaque bem nordestino.
E no meio da festa que é o CD, vale a pena destacar a sensibilidade de interpretação de Jorge de Altinho. Às vezes carregada de tristeza, como pede a letra; às vezes cheia da malícia e da irreverência do matuto nordestino, como sugere a composição.

Dentre os sucessos assinados por Jorge de Altinho, destacam-se “Petrolina e Juazeiro” – regravada por Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Alceu Valença, além de ter feito parte da trilha sonora do filme “Eu, Tu, Eles”; “Confidência”, recentemente regravada pelo grupo Falamansa; e “Capital do Forró” – que deu título a Caruaru.
Vale a pena lembrar que, ao longo de sua carreira, Jorge de Altinho contou em seus discos com a participação especial de grandes amigos que brilham no firmamento da boa música popular, a exemplo de Raimundo Fagner, Alcione, Fafá de Belém e Dominguinhos, que além de assinar os arranjos de seus primeiros dez discos, gravou algumas composições de Jorge de Altinho. Sem falar no Rei do Baião, que gravou três participações nos discos de Jorge, destacando-se o sucesso “Não lhe solto mais”.

Por essas e outras, aí está uma belíssima homenagem à altura do centenário do Rei do Baião. Vale a pena conferir um Jorge de Altinho cada vez melhor, mais maduro e talentoso.

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